Emancipado em 1977, um dos caçulas dos estados brasileiros, o Mato Grosso do Sul tem como bebida típica o tereré, considerado patrimônio cultural imaterial da região. Abriga também o segundo maior bioma brasileiro: o Cerrado. Cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, o Cerrado tem índices pluviométricos regulares que lhe propiciam sua grande biodiversidade, reconhecido também como a savana mais rica do mundo, abrigando milhares de espécies vegetais e animais. O Mato Grosso do Sul é também mundialmente conhecido por suas terras propícias à produção de grãos e criação de gado, sendo uma das regiões mais prósperas na área agropecuária do Brasil. Mas não foi esse cenário promissor na agropecuária que a Cooperalfa encontrou na década de 1980, quando um grupo de associados visitou a região com objetivos de colonização. Na época, a falta de infraestrutura do recém-criado estadonão agradou. Romeo Bet estava no ônibus junto com outros 40 líderes da Alfa que embarcaram rumo ao Mato Grosso. Ele relata que a ideia era “Ver se seria viável instalar um assentamento com produtores associados da Alfa. Diante do cenário (quase nenhuma estrutura de saúde, educação e transporte), resolvemos desistir dos planos. Eu lembro que atolamos várias vezes e alguns líderes pegaram malária e ficaram hospitalizados por vários dias. Naquele momento, não nos agradou em nada a possibilidade de fazer vida por lá.” Com grande território e clima tropical, o Mato Grosso do Sul é um dos maiores produtores de soja e milho do País, com terra bastante favorável à mecanização, além de possuir boa malha rodoviária para escoamento da produção. Com a necessidade crescente de matéria-prima para a agroindústria catarinense, a região mostrou-se um excelente investimento para atender as necessidades do sistema de integração do oeste de Santa Catarina e das fábricas de ração da Alfa. No entanto, Cláudio Tosatti, supervisor de filiais, ressalta que não é apenas para comprar milho que a cooperativa entrou na região. Segundo ele, a Alfa jamais atua numa comunidade sem pensar também no desenvolvimento local: “Sempre levamos em conta a geração de empregos, o retorno de impostos para os municípios e o desenvolvimento econômico e social dos agricultores.” Com relação à expansão para o centro do País, Mário Lanznaster explana que ela se deu especialmente devido à produção de milho: “Santa Catarina produz hoje três milhões de toneladas e consome seis milhões, e não tem perspectiva de mudar muito o quadro. No Centro-Oeste tem milho suficiente para crescer com aves e suínos.” Sobre o cenário atual do estado do Mato Grosso do Sul, comparativamente ao que encontraram na visita feita em 1980, Bet comenta: “Hoje é um Mato Grosso diferente, está desbravado; é uma das regiões mais promissoras do Brasil. E agora estamos tendo o privilégio de compartilhar nossas experiências com o povo da região e aprender com a cultura sul-mato-grossense.” A primeira unidade adquirida via leilão foi em Dourados, em 2014. José Moraes, primeiro associado da região, residente em Fátima do Sul, tinha certa “cisma” com as cooperativas: “Várias tinham dado um ‘chapéu’ nos associados. Da Alfa ninguém duvidou, porque a boa fama dela já era bem conhecida por aqui. Primeiro, fizemos um contrato de milho e, quando me convidaram a me associar, acreditei. Não me arrependi. A cooperativa é muito séria e organizada. Ela fez questão de nos levar até a matriz, em Chapecó, para conhecermos ainda mais o sistema.” Dois anos depois de se instalar em Dourados, no ano de 2016, o investimento foi em Sidrolândia e Nova Alvorada do Sul. Ari Basso, primeiro associado de Sidrolândia, comemora a chegada da Alfa em seu município: “É ótima a vinda de uma cooperativa para o município. A agricultura é o que nos sustenta. Acho que a melhor coisa que pôde acontecer para Sidrolândia foi a Alfa ter chegado aqui.” José Carlos de Freitas, primeiro associado de Nova Alvorada do Sul, relata que foi convidado pelo prefeito do município para participar de uma reunião em que a Cooperalfa explanaria os planos para o município: “Não medi esforços para auxiliar. Se depender de mim, dos meus conhecimentos e das minhas amizades, vamos ajudar para que a Alfa cresça em Nova Alvorada.” Em 2017, tiveram início também os trabalhos na fábrica de ração alugada em Dourados. Em 2021, começaram as obras para construção de uma UPL em Sidrolândia, com capacidade para 10 mil fêmeas produtivas.